Coisas do Catano - Dia de Cão (sem querer ofender ninguém, claro!)

Sabem aqueles dias que correm mesmo mal? Eu que parece que ficamos parolinhos e nos sai tudo torto? Foi como me correu a sexta-feira passada. De manha, logo na primeira aula, parecia que não sabia escrever à mão. A caligrafia parecia de uma criança que acabou de aprender a pegar num lápis ou então a de um macaco muito (pouco) habilidoso. Como se isso não bastasse, o cansaço não me permitia sequer focar o que escrevia.

Na aula seguinte tive teste. Foi um desastre! Entrei em pânico quando me apercebi (confirmei umas cinco vezes) que o teste tinha pouquíssimas perguntas. E para finalizar a manhã, na última aula, nem no computador escrevia sem erros. Enquanto o meu professor me ditava um documento de aproximadamente dez linhas, enganei-me a escrever, sem exagero, umas vinte palavras. O meu professor ria-se que nem um doido, porque até a escrever o meu próprio nome me enganei. No fim da redacção do documento diz o meu professor para mim:

-Precisa mesmo de umas ferias. Eu prometo-lhe que se ganhar o euromilhões lhe pago umas ferias nas Seychelles.

Ao almoço o microondas quase que explodia. Incendiou-se e retiniu uma melodia semelhante a foguetes em plena festa do São Bento das Pêras (o santinho cá da terra) pela cozinha fora. Entrei em pânico mais uma vez.

Já no trabalho, as pessoas falavam para mim mas era como se nada fosse. Não ouvia nada do que me diziam. Limitava-me a abanar a cabeça e espirrar que nem uma doida (nunca tive alergias primaveris na vida e este ano coço-me toda e ando sempre com os olhos a lacrimejar).

Chegada a casa toca a ajudar com o jantar para ir logo de seguida fazer as compras da semana. Correr o supermercado de uma ponta a outra. Na caixa, a minha mãe obrigou-me a usar a minha "colecção" de moedas de 20, 10 ,5, 2 e 1 cêntimo, libertando o porta moedas de oito euros e quarenta e seis cêntimos de cascalho bruto, mas provocando um ataque de riso ao rapaz da caixa e fazendo-me ouvir o comentário "andaste a pedir, foi?" do gajo que estava a seguir na fila.

Quando voltei a casa tentei passar a tralha de series que tenho a entupir-me o computador, mas foi em vão. Passado uma hora, apenas 3% do processo estava concluído, o que fez com que eu ficasse ainda mais frustrada. Chateei-me e fui ter com a minha “melhor amiga”, finalmente, depois de tantas horas sem me deitar nela. Deito-me na minha tão adorada cama, aconchego-me e quando estou quase a adormecer, toda torta e na posição mais parva possível, ouve-se no andar de cima: toc-toc-toc-toc... Só me apetecia levantar da cama, sair porta fora, ir ao andar de cima, chamar o vizinho e dizer…

"Foda lá quem quiser e onde quiser, não me foda é mais a paciência. Vá brincar para outro lado e deixe-me dormir. Você pode ser reformado mas eu tive um dia de cão e amanha de manha vou trabalhar as oito e meia ouviu?".

A uma dada altura habituei-me tanto ao martelanço que acabei por aterrar e dormir a noite toda.