nota: ler o que se encontra entre parêntesis só no final
Foi "Levantado do Chão" que lhe abriu portas ao Nobel e o apresentou ao mundo. A sua escrita peculiar converte os mais ateus e a magia com que nutre os seus romances . "Saramago" mas por engano. De acordo com "As Pequenas Memórias", quando o seu pai o quis registar, o individuo do registo civil encontrava-se alcoolizado, tendo oferecido a alcunha da família (saramagos são umas plantas que eram utilizadas para a alimentação do gado e consumidas pelos mais pobres) como apelido à pobre criança. Tal facto só foi conhecido pelos pais sete anos depois, quando necessitaram de uma certidão de nascimento para inscreverem o filho no ensino primário.
Como forma de evitar conflitos com o regime de então, José de Sousa, pai de José de Sousa Saramago, optou por acrescentar "Saramago" ao seu próprio nome, sendo este o primeiro caso de um filho a dar o nome ao pai. Todavia, o prezado senhor, sempre fez questão que não lhe chamassem de Saramago, mal sabendo que o filho que lhe deu o nome iria levar o nome da literatura portuguesa às bocas do mundo.
Quando os estudantes portugueses alcançam o 12º ano de escolaridade vêem-se com um "problema" e mãos: tem de estudar o "Memorial do Convento" mas não há grande vontade, porque é uma "seca" e o autor não sabe escrever, aproveitando a deixa para afirmar "se o Saramago escreve mal ganha um Nobel da Literatura, mas se somos nós é considerado erro".
Pessoalmente não entendo a razão da implicância. Só mesmo quem não lê é que não sabe o que perde. Sim, é um pouco complicado de entender a escrita oral deste autor, no entanto, o tom trocista com que expõem a vida privada d'El Rei D. João V e da Rainha D. Maria Ana Josefa (que não era dotada de grande grandes atributos físicos, um pouco feia e pouca areia para o magnifico emprenhador de freiras e vigoroso rei que, infelizmente, padecia de flatos subitos e sífilis, fazendo questão de espalhar pelo reino) e o paralelo que faz com o maravilhoso casal Baltasar e Blimunda (inspirou os Trovante no album "Um Destes Dias") , Vénus e Vulcano, segundo palavras de Domenico Scarlatti, conferem uma beleza e riqueza à obra incontornáveis, daí que seja esta e não outra, a obra escolhida para ser estudada pelos alunos de 12º ano portugueses.
Blimunda foi inicialmente Mariana Amália. Bendito dia em que a anterior esposa do prémio Nobel criticou tal escolha. "Mariana Amália" castraria toda a magia presente em Blimunda, a personagem encantada que vê as coisas por dentro e que possui um fulgor tão esplêndido que levou a que Saramago recusasse a oferta de Steven Spielberg para passar o "Memorial do Convento" a filme, com receio de que lhe matassem a Blimunda.
Blimunda foi inicialmente Mariana Amália. Bendito dia em que a anterior esposa do prémio Nobel criticou tal escolha. "Mariana Amália" castraria toda a magia presente em Blimunda, a personagem encantada que vê as coisas por dentro e que possui um fulgor tão esplêndido que levou a que Saramago recusasse a oferta de Steven Spielberg para passar o "Memorial do Convento" a filme, com receio de que lhe matassem a Blimunda.
A feira do livro do Porto teve a honra de receber este senhor. Eu, por obra do acaso, desloquei-me até a Avenida dos Aliados no passado dia dois de Junho e tive o prazer de receber um autógrafo deste senhor, já um pouco débil, mas com o poder de mover multidões. Jovens estudantes, professores, admiradores de todas as nacionalidades, enfim, um mundo de gente que se deslocou até ele só para ter um rabisco do homem que trouxe alguma glória em tempos deprimidos a este pequeno país que, apesar de pequeno, ainda não aprendeu a reconhecer quem realmente merece pelo seu trabalho justo e pela simplicidade.
Que queiramos quer não ele é importante, o resto é relativo...
4 Jeitoso(s):
Pessoalmente, ainda me pergunto se este post é sério ou sarcástico.
Li um livro do Saramago, e chegou-me. A sua escrita, não a sua sintaxe, mas as suas histórias, enerva-me pela falta de imaginação ou de coerência.
Mas isto apenas com o conhecimento de uma obra literária e outra (a cegueira, que só vi em filme, mas que consigo imaginar perfeitamente o livro).
Ainda estou para entender...
Pois... eu tenho uma embirração especial pelo Saramago e talvez por isso o ache mais uma questão de "moda" do que de cultura.
Li dois livros dele (Todos os Nomes e Memorial do Convento) mas não me conseguiu convencer.
Sou céptico quanto à importância (quanto a mim exagerada) que se dá a estes eventos de atribuição de "Nobeis", Óscares e Globos. Por detrás estão, quase sempre, interesses comerciais de editoras e, em casos mais extremos, até interesses políticos.
Eu cá gostei muito do post e tenho pena de não ter um autógrafo dele Sniff*
Ainda só li 'Memorial do Convento' e a peça 'A Noite' mas já tenho na calha outras obras.
A implicância das pessoas por vezes pode ser sinal de inBeja... 'Oops'.
Bem, uma coisa é certa Saramago nao é o meu forte. Penso que quem me conhece sabe que Fernando Pessoa se identifica muito mais. Mas confesso que o Memorial do Convento me fascinou..toda a descrição da blimunda sete luas e do balstazar sete sóis e ainda da Passarola foi fascinante. De leitura difici sim mas inconfundivel.
Mas digo-vos e insisto, Ricardo Reis é o meu heterónimo preferido afinal de contas ele segue um dos lemas que eu adoro: viver a vida dia apos dia sem combater o intolerável.
Ines está aqui uma bonita homenagem a um grande senhor que diz que só irá parar quando estiver morto até lá ainda tem muito para fazer. Nós por cá esperamos isso.
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