Hoje, como ocorre muitas das vezes em que saio cedo da faculdade, roubei um jornal Metro pelo caminho para em entreter na penosa viagem de transportes públicos até casa. Como ainda tinha que imprimir umas quantas resmas, que é como quem diz, toneladas de folhas para estudar, não tive direito imediato a esse prazer, para mim nem sempre possível, de me deleitar com um par de páginas impressas que não sejam para estudo.
Instalei-me o mais confortável possível no autocarro (digamos que tive que recorrer a uma posição altamente artística e complexa de dobrar a perna contra o banco da frente para que não me caíssem as tralhas ao chão) e deitei mão ao jornal. Os movimentos ondulantes, dignos de uma fragata em mar alto e sob ataque, limitaram-me a leitura, mas mesmo assim insisti até dar de caras com uma página virada de pernas para o ar. Imediatamente percebi a dica de que aquele se tratava de um jornal diferente do habitual. Juntei as páginas, virei o jornal para a capa alternativa que pouco tomei em conta e voltei a abrir o dito cujo. A notícia que logo me chamou à atenção, tinha uma imagem ilustrativa de um gato todo contente dentro de água e uma legenda informava acerca de uma nova geração de gatos formados como nadadores salvadores. Pensei: tentem enfiar a minha Levis num alguidar com uns míseros centilitros de água e ela converte-se num agressivo e feroz cruzamento entre um T-rex e o Chuck Norris! Todas aquelas notícias me pareciam surreais! E eram, de facto. Voltei à capa e reparei numa nota que informava que aquelas seguintes notícias eram fruto da imaginação dos leitores, que imaginavam um Portugal em 2032 altamente inovador no sector têxtil, casamentos entre máquinas e humanos e até o Cristiano Ronaldo como seleccionador nacional.
Não sei se esta é a primeira vez ou não que fazem algo do género, mas considero estas iniciativas altamente interessantes. Para além de explorarem um lado criativo e visionário dos habitantes um país descontente, demonstram que nem toda a gente perdeu a esperança no Portugal que temos. Claro que grande parte das notícias nunca poderiam sem concretizáveis, mas demonstra que há vontade de evoluir, que ainda existe esperança e alegria, quanto mais não seja no imaginário de cada um.