10.04.2011

Coisas do Catano - Jornal Metro (04/10/2011)

Hoje, como ocorre muitas das vezes em que saio cedo da faculdade, roubei um jornal Metro pelo caminho para em entreter na penosa viagem de transportes públicos até casa. Como ainda tinha que imprimir umas quantas resmas, que é como quem diz, toneladas de folhas para estudar, não tive direito imediato a esse prazer, para mim nem sempre possível, de me deleitar com um par de páginas impressas que não sejam para estudo.

Instalei-me o mais confortável possível no autocarro (digamos que tive que recorrer a uma posição altamente artística e complexa de dobrar a perna contra o banco da frente para que não me caíssem as tralhas ao chão) e deitei mão ao jornal. Os movimentos ondulantes, dignos de uma fragata em mar alto e sob ataque, limitaram-me a leitura, mas mesmo assim insisti até dar de caras com uma página virada de pernas para o ar. Imediatamente percebi a dica de que aquele se tratava de um jornal diferente do habitual. Juntei as páginas, virei o jornal para a capa alternativa que pouco tomei em conta e voltei a abrir o dito cujo. A notícia que logo me chamou à atenção, tinha uma imagem ilustrativa de um gato todo contente dentro de água e uma legenda informava acerca de uma nova geração de gatos formados como nadadores salvadores. Pensei: tentem enfiar a minha Levis num alguidar com uns míseros centilitros de água e ela converte-se num agressivo e feroz cruzamento entre um T-rex e o Chuck Norris! Todas aquelas notícias me pareciam surreais! E eram, de facto. Voltei à capa e reparei numa nota que informava que aquelas seguintes notícias eram fruto da imaginação dos leitores, que imaginavam um Portugal em 2032 altamente inovador no sector têxtil, casamentos entre máquinas e humanos e até o Cristiano Ronaldo como seleccionador nacional.

Não sei se esta é a primeira vez ou não que fazem algo do género, mas considero estas iniciativas altamente interessantes. Para além de explorarem um lado criativo e visionário dos habitantes um país descontente, demonstram que nem toda a gente perdeu a esperança no Portugal que temos. Claro que grande parte das notícias nunca poderiam sem concretizáveis, mas demonstra que há vontade de evoluir, que ainda existe esperança e alegria, quanto mais não seja no imaginário de cada um.

7.24.2011

Coisas do Catano - It's beach time!

Nunca fui pessoa de gostar muito de praia. Ou melhor, tenho fases! Quando era mais pequena odiava ir para a praia com os meus pais e o meu irmão, achava aquilo a coisa mais entediante de  todo o sempre, mas lá me resignava e acabava por deixar que os livros me entretivessem durante aquelas penosas horas. Já quando a companhia era outra, o caso mudava de figura. Subitamente, após no ano anterior ter ido umas míseras quatro ou cinco vezes à praia, o bichinho da praia despertou este ano, juntamente com uma vontade enorme de consumir uns banhos de sol e mar.

Uma pessoa implora ao mundo durante dolorosas semanas que quer ir para a praia. O namorado faz a vontade e leva-me para Santa Cruz. Excelente dia de praia, ainda em Junho, o que aumentou progressivamente a ânsia de voltar às lides balneares , apesar do escaldão brutalíssimo que apanhei nos pés e que me impedia de andar.
Numa tentativa de retribuir o favor levo o namorado à praia aqui no Porto. Primeiro Gaia, convertendo uma ida à praia numa caminhada que mais parecia uma batalha aguçada contra as terríveis - e temíveis - domínios de Bóreas! O vento era tão forte e tão cortante que nem tive que me dar ao trabalho de puxar o cabelo da frente da cara. As minhas pestanas nunca se tinham sentido tão violentadas, dobrando de tal forma que me irrompiam olhos dentro. A segunda tentativa  - falhada, sublinhe-se - desenrolou-se por terras de Espinho. Mais uma vez o nosso grande inimigo foi o vento, que atirava a areia contra nós com tanta força que acho que hoje, uns quatro dias depois, ainda tenho grãozinhos de areia entalados nos poros.

Apesar destes contratempos, o peculiar desejo de ir à praia mantém-se. A minha aspiração máxima não é ficar minimamente bronzeada, já que é de conhecimento mundial que isso é impossível. Limito-me a rezar para que não passe o resto do Verão a parecer uma albina, nem que me converta, a certa altura da exposição, numa lagosta suada e enraivecida.

6.10.2011

Coisas do Catano - I give up

Há dias em que me levanto da cama com forças suficientes para arrastar o mundo durante todo o dia, mas outros, desde o momento em que abro os olhos, sei que estarão condenados à desolação. Levanta-se uma gaja da cama as 4h da manhã, vai tomar banho, e tem o «Taras e Manias» do Marquinho a massacrar-lhe a cabeça, sem descanso. Até aqui podia muito bem ser um dia normal, mas certos detalhes, que por muito que não queira, após ter a desilusão a meus pés, interpreto como presságios, apesar de não alinhar nessas ondas de predestinação e previsões. 


Pouco mais de duas horas, foi o tempo que tive para viajar por vale de lençóis. Banho tomado, tenho cerca de meia hora para estar pronta para sair de casa. E assim foi, no entanto a minha boleia atrasou-se quase quinze minutos, e desde logo deduzi que aquele seria o primeiro de muitos entraves. Entre ares condicionados que gelam - e me presenteiam com uma bela de uma infecção na garganta e uma caliente febre que me fez lacrimejar que nem doida - consigo ficar sozinha, comigo, no meio de uma multidão, e dar uma vista de olhos naquilo que tenho feito nos últimos tempos. 

Com uma certa ajuda alheia, cheguei à conclusão de que, em dois anos, me vi obrigada, moralmente, a abandonar coisas que me apaixonaram e se absorveram até ao tutano, me dominaram cada segundo, mas que, apesar de esperar algo como recompensa, nunca nada me deram para além de lágrimas e amarguras. Apercebi-me de que disse adeus a algo que um dia me disse muito, mas que no entanto me sumiu das mãos de forma muito rápida, acabando eu por largar o resto, achando que não valia a pena lutar pelas minhas mãos. E se eu não o tivesse feito? Se em vez de desistir, tivesse lutado pelos meus ideais e os tentasse inculcar naquilo que um dia foi tão rico, tão jovem. Fico a pensar se fui eu que larguei as sementes erradas, ou se alguém é que não as tratou devidamente. Gosto de acreditar que foi a segunda, mesmo sabendo que, como lhes disse adeus, nunca saberei a resposta.

A vida é uma puta, não é? Aquela do "mas vale arrepender de algo que fizeste, do que de algo que poderias ter feito" deixa de fazer qualquer sentido quando o fazes, te desiludem, te deixam na merda, mas mesmo assim te sentes arrependido por não ter feito mais, por não ter lutado, mas ter desistido no momento que, na altura, te pareceu ser o ideal, e que agora, com a devida distância, te parece tão exagerado, tão prematuro.

6.06.2011

Coisas do Catano - Random

Ai, que eu já não escrevo nada desde Abril :o O blogue até se sente orfão!


Vamos lá ver o que ocorreu de relevante nos últimos tempos:

- Então não é que ontem foi dia de eleições? Curiosamente, quase metade dos eleitores nacionais não se deve ter lembrado disso, a ver pelos números da abstenção.

- Cortei o cabelo e, em aproximadamente 10 anos, foi a primeira vez que me deu vontade de agarrar no que tinham cortado e colar ao que ficou com fita-cola.

- Está a chegar a fatídica fase dos exames. Nacionais para o básico e secundário, e infernais para mim e os restantes estudantes universitários, que pelo andas das coisas estão com a corda cada vez mais apertada na zona do pescoço.

- Morreu alguém importante que eu deva saber? Não tenho consultado a secção da necrologia dos jornais...

- Falta menos de uma semana para o cessar da Feira do Livro do Porto (81ª edição). Após ter lá dado umas voltitas, fui dando uso à carteira, porque até parece mal se o dinheiro não circular, e descobri uns estranhos livros do tamanho de um mindinho dobrado a meio (não tentem dobrar, a não ser que tenham uma anormal flexibilidade nos dedos).

- A revista Sábado, que sai à 5ª, está a oferecer, por apenas 1,95€ livros muito porreiros, de autores que ganharam o Prémio Nobel da Literatura.

- Reafirmamos que Portugal ainda não tem a capacidade de rir de si mesmo, quando vemos comentários ignorantes acerca do excelente e inovador programa de entretenimento do canal público de televisão, Último a Sair. Estou à espera da próxima aparição do Bruno Nogueira como Deus o depositou no mundo.

- Semanas académicas por todo o país. Música, bebedeiras, Quim Barreiros, e a Inês em casa a trabalhar.

- A Apple lançou coisas. Mas eu não quero saber.

- A minha cadela comeu uma orquídea à minha mãe e depois lambeu musgo da parede.

- O Conan O'Brian desfez a barba que mantinha desde o seu afastamento daquele canal público americano que acha que o Jay Leno tem piada. Mas entretanto já cresceu, por isso não conta.


Julgo que por enquanto isto seja suficiente para demonstrar que estou viva, e relativamente atenta ao que se vai passando no mundo - e ao espaço que a minha cadela partilha comigo. Deixem a vossa opinião acerca dos momentos dos últimos dois meses que mais vos marcaram!

Até uma próxima,
Inês Brito

4.12.2011

Livros do Catano - Já escrevia Gomes Amorim em 1857...

Acto Quarto
Quinto Quadro
[...]

CERVANTES
[...] cá se mudam amiúde os ministérios?

CARONTE
Certamente.

CERVANTES
Mesmo quando governam bem?

CARONTE
É quando se mudam mais depressa. Está provado, que logo que um governo faz uma coisa boa, deve ser posto na rua, para não ter tempo de retroceder. O progresso não pára; cada dia se deve ensaiar uma nova política para satisfazer as exigências do povo...meetingueiro. Hoje pedem-se economias, porque nós estamos desempregados; amanhã berramos contra elas, para defendermos o osso, que já apanhamos; e pomos na rua o ministro que nos despachou - a fim de o ensinarmos a ser mais espero para a outra vez, não empregando independentes. Isto é que se chama caminhar, progredir - progredior - dizem os sábios.
As ideias envelhecem como as coisas; se as não mudarem, apodrecem e caem. Os ministros velhos não podem ter senão ideias caducas. É preciso mexer, agitar, transformar, fundir, refundir as doutrinas e os sistemas, para melhorar tudo; e isto só pode fazer-se por meio de revoluções. A paz, a ordem, o trabalho honrado e assíduo, tudo isso é estúpido e não deixa brilhar as pessoas, que se sentem inspiradas - para apanharem alguma posta e representarem o seu papel nas danças e visualidades políticas.
O país, que não respeitar os palhaços políticos, nunca poderá fazer fortuna, e há-de ser sempre um país de caranguejos.

3.23.2011

Coiso...

Há dias em que me sinto estúpida por várias razões. Quer seja por reclamar do que tenho, do que não tenho ou até do que queria ter, ou por agir de forma tão irracional que chego a questionar-me se terei direito a ser humana. Um privilégio de tal ordem nobre, mas que nem nos apercebemos da honra que nos é concedida.
Consigo afirmar com toda a segurança que sou feliz. Todos os dias, quase que por magia, surge sempre algo que me arranca um sorriso. Nem sempre o expresso da melhor forma, mas isso não significa que o deixo passar em vão. Seja um agradecimento, um sinal de vida de alguém que há muito pensava estar perdido, ou algo semelhante mas, no entanto, o desejo de querer cada vez mais mantém-se.
Tenho vontade de conhecer o mundo, de ler todos os livros, de fazer todos os desenhos e ouvir todas as músicas. De participar em todos os jogos, conhecer todas as pessoas, falar todas as línguas de me converter em rato de laboratório usado e absorver o mundo com todas as ínfimas forças do meu ser mas...chego ao fim do dia e não alcanço nem um grãozinho de areia de tudo aquilo que tinha como objectivo. 
Fico triste? Claro que não! O meu castelo ide areia irá crescer e ser destruído muitas vezes. Amanhã é um novo dia. Amanhã é-nos apresentado um novo mundo e o que vamos sentir,é sempre melhor e mais genuíno do que aquilo que idealizávamos.
E quando chegarmos ao fim? De que nos servirá tanto esforço e dedicação? Bem, para nos sentirmos bem connosco e enfrentarmos cada dia com o maior sorriso de sempre! Sem hipocrisias, nem falsidades, sem magoar intencionalmente os outros e sempre na esperança de que no dia seguinte o nosso sorriso possa ser ainda maior.
Sou humana (e estúpida), e depois?

2.09.2011

Músicas do Catano - Nobody's Wife



Lançada no dia dos meus 6 anos <3

1.30.2011

Coisas do Catano - Ela roubou-me o prazer

Desde que me lembro de existir que os livros fazem parte de mim, da minha vida e dos meus dias. Aprendi a ler com uns quatro, cinco anos, num infantário onde conheci (pequenas) pessoas com as quais ainda hoje me relaciono e fazia questão de mostra-lo ao mundo, lendo tudo aquilo se encontrava ao meu redor. Sentia prazer enquanto o fazia. Um gosto estranho em compreender aquela junção de caracteres que formava palavras, algumas delas magníficas, outras que magoam, mas todas igualmente importantes.
Hoje, cerca de catorze anos depois, tenho dó de mim mesma por não ter o prazer de tais tempos. Uma puta roubou-mo há um ano e qualquer coisa atrás. É curioso este poder que a faculdade tem nas pessoas. Obriga-nos a ler o que não queremos, roubando-nos a vontade de absorver um bom livro só pelo mero prazer da leitura.
Ainda me lembro, madrugada do dia 5 de Setembro de 2009, ao relento, algures em Coimbra. Foi o último que sorvi de uma assentada. Envolveu-me de tal forma que nem o frio senti na pele, nem me apercebi do passar do tempo.
Tenho muitos livros na minha mesa de cabeceira. Em parte porque não tenho mais espaço onde os guardar. Uns estão com (grandes) amigos, outros algures pela casa, e uns quantos foram-me raptados pelo vizinho do lado, ou o meu irmão, como lhe queiram chamar. Uns já li mais do que uma vez, outros tantos estão a meio, alguns estão lá por paixão ou por memórias com as quais gosto de adormecer e uns poucos odeiam-me, por nunca lhes ter passado os olhos, nem pela contracapa.
Apesar de tudo, da crueldade pela qual aquela cabra me faz passar, eu sei que um dia vou acabar, gloriosamente, com ela, reaver tudo aquilo que me extorquiu e ler como lia em outros tempos, com o mesmo gozo, com o mesmo prazer.

1.23.2011

Acontecimentos do Catano - Presidenciais #2

Considero vergonhoso que num dia de eleições, às 16h, a afluência às urnas seja apenas de 35,16%. Se havia coisa que eu achava uma piada imensa quando era pequena, era sair de casa com os meus pais a um domingo de eleições e ver toda a gente a matar-se para conseguir estacionamento na estreita rua onde ainda hoje se situa a minha escola primária. Naquela altura o meu maior desejo era, um dia, poder também contribuir para aquela maciça confusão e dar a minha opinião em relação ao país do qual sou cidadã.

Hoje a confusão foi estranhamente reduzida, e quando voltava para casa três vizinhos meus estavam encostados a uma parede e começaram a praguejar "vai ficar tudo igual, nem sei porquê que saem de casa com este frio". Lógico que eu entendi que a boquinha era para mim e para a minha mãe, mas segui sem dizer nada para além de um humilde "boa tarde". Tenho quase a certeza que estavam na rua àquela hora, a apanhar frio, mas nem se tinham dado ao trabalho de atravessar a rua para votar, e infelizmente este é o reflexo da maioria ignorante existente no nosso país. Gente de tal calibre nem direito a ser chamados de cidadãos haveriam de ter, já que têm quem tome as decisões por eles, e no entanto reclamam como se fossem donos da razão. As coisas não mudam porque as pessoas não querem! As coisas não mudam porque mais de 50% da população nacional não sabe pensar por si mesma nem tem pensamento crítico! As coisas não mudam porque as pessoas se acomodam à sua triste normalidade...

Fiz 18 anos em Setembro de 2009 e desde então sempre tenho exercido o meu direito de voto. Fico muito triste com estas situações ridículas. Infelizmente será assim durante muito tempo, mas eu ergo a cabeça de consciência tranquila, porque, pelo menos, já fiz mais pelo meu pais que aqueles três tristes que estavam a reclamar.



PS (20:15h): Estes resultados só revelam a merda que este país é. Já não bastava a abstenção escandalosa, que reflecte a população estúpida e ignorante que temos, e agora ainda temos que levar com um idoso decrépito por mais um par de agoniantes anos.
Parabéns, meus queridos. Agora sofram!

1.22.2011

Acontecimentos do Catano - Presidenciais

Exerçam o vosso dever cívico.