Pessoas do Catano - I don't wanna grow up

Como criança normal (acho eu) que fui, quando me perguntavam o que queria ser quando fosse grande, tinha eu os meus cinco anitos, respondia criminalmente que queria ser adulta. Actualmente, não que seja muito sábia, denoto o quão tonta e típica aquela resposta é nas crianças. Pobres seres indefesos, já não muito inocentes, que nem imaginam que a idade , à medida que avança, tem como contrapartida responsabilidades e complicações éticas e morais.

Há uns dias reparei numa menina que deveria ter uns treze anos, ou seja, um exemplar feminino no pico da famosa idade da parvoeira. Apesar da tenra idade de o seu puro olhar transmitia, vestia-se e comportava-se como uma adulta sabida da vida. Aquilo fez-me uma confusão incrivel. A obsessão em transmitir uma imagem que supostamente impõe respeito e faculta um estatuto faz com que percam momentos cruciais e fases da vida que são muitissimo gratificantes. "Ah e tal, mas eu quero usar calçado que me faça parecer mais alta e que produzam um barulhinho engraçado enquanto caminho". Para isso bastava arranjar um par de andas e colocar godos nos bolsos. Garanto que o efeito era o desejado e tinha a vantagem de ser muito mais cómico.

Desconheço a razão para esta súbita epidemia de piquenos pseudo emancipados, fenómeno que incide mais nas meninas, que exigem crescer fora de tempo e desperdiçar momentos de irresponsabilidade protegida. Muitos talvez nunca se aperceberão do que não viveram, e os que tiverem discernimento para tal irão tentar compensá-lo de formas menos ortodoxas. Não os censuro, só espero que impeçam os seus descendentes de cair em erro semelhante e lhes ofereçam a infância merecida e que é sua por direito.