10.20.2010

Coisas do Catano - Medo, muuuito medo

Eu sei que parece estranho que, após uma ausência prolongada, escreva dois textos separados por um intervalo de tempo tão curto, mas isto trata-se de algo que o mundo necessita de ter conhecimento.

Mais uma vez, vinha eu da faculdade, no segundo autocarro que tenho que apanhar até Rio Tinto, e após uma correria Rua Sá da Bandeira acima, tudo aquilo que eu queria era sentar-me. Mal cheguei ao Bolhão, entrei no autocarro e o único lugar disponível era lá no fundo, e tudo o que eu queria era que entretanto ninguém o ocupasse. Sentei-me e finalmente consegui usufruir da música que estava a ouvir. Minutos após o arranque do autocarro, reparei que a criatura sentada ao meu lado esquerdo estava a enrolar um cigarro, mas até aqui tudo normal. No entanto, pouco tempo depois de ter terminado esta árdua tarefa, reparo que a referida criatura começa a olhar para mim, totalmente inclinado na minha direcção. Inicialmente julguei que estaria a tentar ver o que se passava na janela oposta, pois reparei que voltou à sua postura anterior dentro de pouco tempo. As coisas começaram a tornar-se um pouco mais estranhas quando aquilo que eu pensava ter sido um acto esporádico se tornou repetitivo, e mais prolongado! O rapazito fez uma chamada, terminou-a e depois abriu a pasta (académica e pretinha, como a de muitos estudantes de ensino superior), retirou o "Diário Económico", abriu numa página aleatória, fechou e voltou a guarda-lo na pasta, isto enquanto olhava e desviava o olhar repetidamente. Lógico que toda esta situação me deixou pouco à vontade, mas visto que nem a meio do percurso ia, mantive-me no meu lugar. A uma dada altura senti necessidade de mudar de música no iPod. Pus a mão no bolso, que por acaso era do lado do menino sinistro, e mudei de música. Enquanto fiz isto, ele começou a espreitar para dentro do meu bolso e a inclinar-se sobre mim para tentar ver o que eu estava a ouvir. Mais incomodada fiquei. Quando apenas restava cerca de um terço de caminho a percorrer, ele começa a empurrar o lugar da frente com os joelhos, e eu continuei a tentar ignorar a situação. O pico da estranheza deu-se quando ele começou a puxar o cabelo da senhora que estava sentada nesse lugar e a mexer-lhe no pescoço! Do nada, e sem a conhecer! Ela, incomodada, olha para trás, mas não diz nada. Quanto a mim, estava numa pilha de nervos tal que só me apetecia sair do autocarro fora. Que raio deu na cabeça daquele espécime para ser tão atrofiado? Torna a olhar para mim, mexe no cabelo, empurra o lugar. Olha para mim, mexe no cabelo mais uma vez e volta a empurrar o assento. Isto estava a deixar-me possessa! O incomodo era tão, mas tão grande! A cerca de duas paragens do meu destino eu estava prestes a desistir e fazer o restante percurso a pé, mas eis que surge uma prima minha, que me entreteve o resto do caminho. Eu levantei-me para sair e diz-me em tom baixo a minha prima: "-O rapaz que estava ao teu lado esteve todo o tempo a olhar para nós fixamente. Que coisa estranha!".  Muito sumamente, contei-lhe o que tinha acontecido e ela ficou chocadissima, mas a rir-se imenso.

Quando saí do autocarro dei-me conta que tremia por todos os lados, não sei se do incomodo, se de alívio, com umas tonturas estranhas, mas pelo menos para a próxima, por muito cansada que esteja, penso duas ou três vezes antes de me sentar ao lado de quem quer que seja.

[este texto deve estar, muito provavelmente, mal escrito, repleto de incongruências e difícil de compreender, mas tenho a alegar em minha defesa que ainda não recuperei do choque -.-']

4 Jeitoso(s):

Táxi Pluvioso disse...

Todas as pessoas são estranhas, mesmo a moça incomodada, sentada no fundo do autocarro, quando vejo uma exaspero, e por consequência fico estranho e assim sucessivamente, até muito além do Bolhão :-)))))) bfds

paulofski disse...

Provavelmente o moço estaria sob influência daquilo que deixa um gajo completamente atrofiado. Normalmente fica assim quem lê o Diário Económico.

:)

Otário Tevez disse...

um episódio a não esquecer nessa cabeça presumo, há coisas estranhas, muito estranhas... eheh

Otário Tevez disse...

agora sempre que olho para um moço que me pareça estranha no comboio, recordo-me deste teu escrito moça... já viste? é este o efeito que provocas nas pessoas? uma pessoa quer estar sossegada no seu passeio diário para a faculdade e lembra-se de coisas assim? ahah saudações (mesmo a sério pá!!!)